No Egito Antigo um simples eclipse era capaz de causar pânico em toda a
população, isso porque eles acreditavam que o evento tratava-se de uma batalha
no céu entre o deus Rá e Apófis, a serpente do caos.
Para compreender isso melhor explicarei como os egípcios compreendiam o movimento da nossa estrela, o Sol. Para eles o barco solar de Rá navegava pelo horizonte trazendo luz para o dia e escuridão quando adentrava o submundo, território de seu inimigo Apófis. A serpente, por sua vez, ficava sempre à espreita de Rá no intuito de devorá-lo para assim jogar o mundo nas trevas eternas.
Para sorte dos egípcios, Rá saia vitorioso na maioria das vezes, exceto nos dias de eclipse, nos quais Apófis abocanhava o barco solar de Rá transformando repentinamente o dia em noite.
Vale lembrar que qualquer tempo fechado já era motivo de apreensão para os egípcios que
oravam diariamente pela vitória de Rá sobre Apófis, além de se reunirem em templos onde
faziam imagens da serpente em cera e as mutilavam.
Já os sacerdotes realizavam rituais anuais para combater a serpente Apófis. Num desses
rituais uma representação do animal era amaldiçoada, esfaqueada e queimada.
E porque Apófis desejava tanto combater o deus solar e propagar as trevas?
A mitologia egípcia falava de um mundo anterior a sua criação, onde existia apenas a
unicidade em uma vastidão de água e escuridão, como o ventre de uma mulher.
Após a criação manifestou-se a luz, as individualidades e a dualidade; opostos como água e
terra, luz e escuridão, masculino e feminino, bom e mau, não existiam até então. Para Apófis a dualidade não era nada bom e por conta disso ele preferia que tudo retornasse ao
seu estado anterior.
Preocupados com suas próprias individualidades, os egípcios rejeitavam a ideia da unicidade, e por conta disso temiam tanto Apófis e suas investidas.
O interessante é como esse mito vai ao encontro da Teoria do Big Bang, conforme os
cientistas, antes do evento toda a energia do universo estava condensada em um único
ponto, a unicidade tão buscada por Apófis.
Na Teosofia encontramos algo parecido, o conceito do Uno Absoluto, o universo primordial que se manifestou na dualidade de Espírito e Matéria.
No entanto, não posso deixar de considerar que o próprio sábio egípcio Hermes Trismegisto, contemporâneo da época, possa ter exercido influência nesse mito uma vez que uma das suas 7 leis herméticas versava sobre a dualidade do universo.
Ainda assim, é impressionante como uma simples lenda possa ter raízes muito mais complexas do que se parece, envolvendo conceitos muito avançados para a época.
E você que você achou dessa história? Deixe seu comentário aqui embaixo.
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