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Anunnaki, um assunto em moda!

Atualmente o tema “anunnaki” está entre os tópicos mais abordados nas redes sociais e podcasts conduzidos por supostos especialistas, fazendo com que teorias equivocadas disseminadas por Zecharia Sitchin ganhem novamente os holofotes.

Antes de começar a abordar este polêmico assunto é importante traçarmos uma pequena cronologia da redescoberta da Suméria.

Durante muito tempo o Egito foi tido como a primeira civilização da Terra. Porém, isso mudou no ano de 1835, com a descoberta, pelo soldado britânico Henry Rawllison, de uma inscrição cuneiforme do rei persa Dario I na cidade iraniana de Behistun. Tratava-se de uma estela em três idiomas: persa antigo, elamita e babilônico, que permitiu finalmente decifrar a escrita cuneiforme da Mesopotâmia. A partir desse ponto, os cuneiformes sumérios passaram a ser tratados como inscrição linguística e não meros adornos, como se imaginava até então.

É importante entender que a presença de um sistema de escrita é considerada um critério para rotular uma sociedade como uma civilização e foi a partir desse sucesso empreendido por Henry Rawlisson, de decodificar a escrita cuneiforme, que a Suméria ganhou o patamar de primeira civilização da Terra.

No ano de 1849, o arqueólogo Austin Layard revolucionou a história da Suméria ao descobrir as ruínas da biblioteca do rei assírio Assurbanipal, onde jaziam cerca de 26 mil tábuas de argila contendo numerosos textos, desde tratados mercantis até a obra literária mais antiga da humanidade: o Épico de Gilgamesh.

Anos mais tarde, George Smith, um autodidata contratado do Museu Britânico começa a traduzir esses textos vindo a fazer uma apresentação histórica aos especialistas da Sociedade de Arqueologia Bíblica de Londres em 03 de dezembro de 1872 ao ler um poema que descrevia um dilúvio e como os deuses, no plural, enviaram uma inundação para destruir o planeta. Somente um homem, chamado Utnapishtim, foi avisado da iminência da catástrofe e foi orientado a construir um barco gigante para nele abrigar sua família. Utnapishtim, o herói do dilúvio que mais tarde se tornou um imortal pelos deuses como recompensa, era, portanto, o equivalente mesopotâmico do Noé bíblico.

A descoberta de George Smith causou um reboliço, não apenas para os acadêmicos, mas também para o público em geral. O texto gravado em uma placa de argila quebrada e escrito em cuneiforme era quase mil anos anterior ao primeiro livro da Bíblia, o Gênesis.

Pode-se avaliar a surpresa dessa revelação se lembrarmos que, até metade do século 19, a Bíblia era tida como o mais antigo texto conhecido e a própria criação do mundo, segundo se calculava no século 18, remontaria a não mais de 4.000 anos. O impacto da descoberta de Smith desafiou a sociedade da época e ajudou a redefinir crenças sobre a própria idade da Terra.

Esse trabalho de Smith foi realizado no que hoje é chamado Tablet Flood, um dos registros mais procurados no Museu Britânico, localizado na área destinada aos artefatos do Oriente Próximo. O texto que narra a inundação, faz parte de um dos episódios da “Epopeia de Gilgamesh”, que conta os feitos de Gilgamesh, um personagem envolto em lendas e descendente do próprio Utnapshtim, ou Noé.

Nas décadas seguintes o professor assiriólogo Samuel N. Kramer, tornar-se uma das mais importantes figuras do mundo dos estudos da Antiguidade Suméria. Assim que ingressa ao Departamento de Estudos Orientais da Universidade da Pensilvânia, ele inicia a sua longa carreira, trabalhando na decifração do sistema de escrita cuneiforme.

Em 1929 Kramer obtêm seu doutoramento e viaja o mundo para decifrar as placas com escrita cuneiforme espalhadas nos acervos de museus de diversos países. Aposenta-se formalmente da vida académica em 1968, embora continue ativo ainda por muitos anos.

Além de suas contribuições acadêmicas, Samuel Kramer desempenhou um papel fundamental na popularização do conhecimento sobre a Mesopotâmia, tornando acessíveis as histórias e mitologias antigas para um público mais amplo. O legado deixado por Kramer serviu de fonte de pesquisa para os escritores da era moderna, cada qual com sua própria teoria, na maioria das vezes equivocada. Dentre estes o que mais se sobressaiu foi sem dúvidas Zecharia Sitchin, economista e jornalista do Azerbaijão. Mas isso se deu mais devido ao sensacionalismo empregado do que a precisão da sua pesquisa.

Um dos erros cometidos por Sitchin consiste na associação indevida do epíteto “nibiru”, atribuído à Marduk na Babilônia e à Hórus no Egito, ao planeta de origem dos anunnaki.

O sentido etimológico da palavra em ambos os idiomas em momento algum faz alusão a um planeta habitável e sim à uma estrela.

Em egípcio Neb-Heru significa literalmente senhor (neb) sol (heru); Já o termo acadiano nibiru vem de né-bé-ru que significa: “ponto de cruzamento” termo astronômico para se referir ao solstício de verão, período do ano de grande relevância em diversas civilizações antigas.

Não o bastante, teorias ainda mais absurdas como a de que nibiru seria um planeta-nave veem povoando a internet, se espalhando como vírus em ambiente propício. Deparar-me com tais especulações fazem-me questionar qual a real intenção por trás deste tipo de empreitada. Confundir a humanidade ou descredibilizar de uma vez por todas o tema?  

Nunca o termo “nem tanto ao céu nem tanto ao inferno” fez tanto sentido para mim, de um lado temos os acadêmicos intransigentes e céticos no assunto e do outro sensacionalistas desprovidos de qualquer rigor científico ou bom senso em suas ponderações.

E como ficam aqueles que defende o caminho de meio e que pede atenção quanto à relevância que esses artefatos podem conter? Ficam no meio de um fogo cruzado, sendo malvistos por ambos os lados.

Ver o tema anunnaki se popularizar na internet com essa velocidade me assusta, pois podemos estar de frente a um grande desserviço ao tema.



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